O Clostridioides difficile (Clostridium difficile) é uma bactéria que se tornou uma grande preocupação em ambientes hospitalares no Brasil e no mundo. Ela é conhecida por causar diarreia e colite, podendo apresentar problemas graves dependendo do grau da condição.
Nos últimos anos, tem aumentado o número de casos desta infecção, tornando-se um problema sério de saúde pública e um desafio para os médicos, enfermeiros e administradores de hospitais.
Neste artigo, a Profilática explicará tudo sobre o Clostridioides difficile, desde sua origem, principais características até maneiras eficazes de prevenção.
O que é o Clostridioides difficile?
O Clostridioides difficile, também conhecido como C. difficile, é um bacilo Gram-positivo, anaeróbio, que produz esporos e toxinas. Ele é encontrado naturalmente no trato gastrointestinal de algumas pessoas saudáveis, mas pode se tornar patogênico em certas situações.
A condição foi identificada pela primeira vez em 1935, mas os casos clínicos aumentaram a partir de 1970, principalmente quando se tornou conhecida por ser uma causa comum de colite (inflamação do cólon) pseudomembranosa associada ao uso de antibióticos. Esses medicamentos eliminam as bactérias que são fundamentais para a microbiota intestinal, o que criam um ambiente propício para a proliferação de patógenos, como no caso do C. difficile.
Além disso, também foi diagnosticado que a bactéria consegue produzir esporos muito resistentes, sendo possível sobreviver em diversos ambientes, inclusive em hospitais.
O cenário do Clostridioides difficile no Brasil e no mundo
As infecções causadas por Clostridioides difficile são preocupantes em todo o mundo. Em 2002, a Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, identificou mais de 300 mil casos dessa bactéria. Em Quebec, no Canadá, ocorreu um surto de difficile em pessoas com mais de 65 anos.
No Brasil, não há muitos dados epidemiológicos referentes à detecção da bactéria. Porém, centenas de casos de Clostridioides difficile acontecem em hospitais, apresentando um aumento significativo nos últimos anos.
Como acontece a transmissão da bactéria em hospitais?
Um dos lugares mais comuns para ocorrer a transmissão do C. difficile é em hospitais. Alguns pacientes internados podem apresentar esporos nas fezes, gerando a contaminação em diversas superfícies, equipamentos médicos e nas mãos de profissionais durante a assistência. Tudo isso são formas que facilitam a disseminação da infecção.
Abaixo, detalhamos mais sobre as principais vias de transmissão da bactéria em hospitais:
Contato direto
A transmissão direta ocorre a partir do contato físico entre uma pessoa saudável e um paciente infectado. O contato pode acontecer durante o atendimento ao paciente, como o ato de trocar fraldas, higiene e durante alguns procedimentos de cuidado pessoal.
A bactéria que está presente nas fezes dos indivíduos infectados pode ser facilmente transferida para as mãos de enfermeiros ou visitantes, facilitando a proliferação e disseminação do microrganismo que causa a infecção.
Contato indireto
Outra forma de transmissão do Clostridioides difficile em hospitais é pelo contato indireto. A bactéria consegue sobreviver em diversos lugares por longos períodos, ou seja, fica presente em camas, mesas, maçanetas e em equipamentos médicos.
Quando os médicos ou enfermeiros tocam nessas superfícies contaminadas e depois entram em contato com pacientes, sem fazer a higienização correta das mãos, a bactéria é transmitida, o que aumenta o risco de infecção.
Falta de higiene
A falta de higienização das mãos e do próprio ambiente em si também é uma das causas da disseminação da bactéria em hospitais. Os profissionais de saúde devem lavar as mãos regularmente, antes e após todo contato com pacientes ou locais contaminados.
Além disso, a organização do hospital deve se atentar à limpeza e desinfecção das superfícies. Esse fator é indispensável para eliminar os esporos que continuam no ambiente e interromper de forma eficiente a transmissão e disseminação.
Fatores de risco para contrair a infecção
Mas quais são os fatores capazes de contrair o Clostridioides difficile? Confira a seguir.
Uso de antibióticos
Este é um dos principais causadores de risco para a infecção. Por mais que eles eliminem as bactérias patogênicas, os antibióticos também conseguem destruir as bactérias boas que estão no intestino, gerando uma disrupção na flora intestinal.
Essa situação cria um ambiente propício para o surgimento do Clostridioides difficile, o qual aproveita a ausência das bactérias boas para se proliferar e liberar toxinas que causam a diarreia e colite.
Período prolongado de hospitalização
As pessoas que passam longos períodos nos hospitais apresentam maior risco de contrair a infecção. Essa exposição aumenta a probabilidade de contato com esporos da bactéria, principalmente porque estão presentes em superfícies ou instrumentos médicos contaminados.
O alto nível de rotatividade de pacientes nos hospitais também contribuem para a rápida proliferação dos esporos.
Idade avançada
Os idosos estão mais suscetíveis ao Clostridioides difficile. As pessoas acima de 65 anos apresentam uma resposta imunológica mais devagar e são mais propensos a serem hospitalizadas.
Principais sintomas do Clostridioides difficile
Mas, afinal, quais são os sintomas do Clostridioides difficile? A infecção causa diversos sintomas gastrointestinais, sendo eles:
- Diarreia aquosa: é o sinal mais comum da condição. Os pacientes apresentam diarreia aquosa frequentemente, podendo ocorrer várias vezes ao dia;
- Dor e cólica abdominal: a dor pode variar de leve a intensa e tem relação à distensão abdominal;
- Febre: também é um sintoma, podendo apresentar de maneira leve ou alta, dependendo da gravidade da infecção;
- Colite: em casos mais graves, o Clostridioides difficile resulta em colite pseudomembranosa, que é um sintoma que forma pseudomembranas ao redor do cólon;
- Náuseas e perda de apetite: algumas pessoas podem apresentar náuseas e perda de apetite, diminuindo a ingestão de alimentos e líquidos.
Como é o diagnóstico desta infecção?
É necessário realizar uma consulta médica para aliviar os sintomas do paciente, principalmente se incluem diarreia aquosa, dor abdominal, febre e outros sinais que comentamos anteriormente.
Para diagnosticar o Clostridioides difficile, o médico solicitará testes laboratoriais em amostras de fezes. O exame mais realizado, para este caso, é o de detecção de toxinas A e B produzidas pelo difficile.
Em casos graves ou quando os testes laboratoriais geram dúvidas, a realização de uma colonoscopia pode ser solicitada. Este procedimento ajudará a visualizar a situação do cólon e identificar possíveis pseudomembranas.
E como é o tratamento?
O tratamento da infecção por C. difficile depende da gravidade da doença. Em casos leves, a interrupção do antibiótico causador da infecção é suficiente para diminuir os sintomas.
Em casos mais graves, o tratamento com antibióticos específicos para o C. difficile, como a vancomicina, metronidazol e fidaxomicina, é indicado.
Medidas para prevenir a infecção por Clostridioides difficile
Adotar ações preventivas da infecção é importante, principalmente em hospitais. Para isso, siga algumas dicas:
- Todos os profissionais de saúde e os pacientes devem higienizar as mãos regularmente;
- Usar produtos saneantes adequados para a desinfecção das superfícies;
- Implementar medidas de isolamentos para pacientes infectados a fim de evitar a transmissão a outras pessoas;
- Oferecer treinamentos sobre as melhores práticas de prevenção e controle de infecções em ambientes hospitalares.
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A infecção do Clostridioides difficile é um grande desafio para o Brasil e o mundo. Administradores de saúde e profissionais da área médica e assistencial necessitam entender mais sobre a bactéria, seus meios de transmissão, sintomas e outros aspectos.
Desse modo, é mais fácil e eficaz implementar práticas de higiene e de educação em ambientes de saúde.
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